segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Sphinx And The Cursed Mummy

Playstation 2 / Gamecube - 2003





Nota: procurei minimizar spoils ao maximo, mas não há garantias que não haja nenhum. Se não quiser correr o risco, não prossiga a leitura.

Algum tempo atrás, no extinto site da NGM, eu trouxe uma análise falando como uma boa execução pode fazer com que uma idéia já bastante antiga continue se mostrando atraente. O jogo em questão era Jak and Daxter, o primeiro daquela franquia, e que utilizava estruturas em sua jogabilidade que claramente imitavam Super Mario 64, particularmente na necessidade de coleta de itens para expandir o numero de áreas que se podia acessar.

Uma outra surpresa nesses moldes, e tambem agradável, eu tive com Sphinx and The Cursed Mummy, produzido pela Eurocom, e que claramente tem uma forte influência de Zelda. Isso não e dificil de ver nem mesmo no trailer do jogo.



(este trailer teve musica alterada e texto adicionado no inicio e no fim por quem postou o video, mas foi o melhor que eu achei)

Mas se a estrutura básica é antiga, a temática é totalmente outra, e começa aqui o leque de novidades que o jogo traz, que não são poucas, e certamente segurarão mesmo o jogador mais exigente até ver o final.


Bem vindo ao Egito Antigo


Já apareceram jogos explorando um bom número das fases importantes da história da humanidade, desde a pré história até tempos ainda porvir em especulações futuristas, passando pela grécia e roma antiga, idade média, segunda guerra mundial, e outras ainda. Curiosamente, poucos jogos se interessaram pelo antigo Egito, a não ser jogos de estratégia como Civilization ou então licenciados como Stargate. Nunca consegui entender bem o porquê disso.



Este jogo, portanto, dá sua contribuição de reconhecimento aquele povo, cuja rica mitologia fornece material para um jogo que poderia ser tão épico ao explorar lendas quanto God of War consegue fazer com a mitologia grega; ainda que Sphinx tenha decidido por uma estética mais cartunesca. De fato, muitos nomes e referências usadas no jogo poderão ser encontradas facilmente nos textos históricos, como a pedra de Rosetta, o faraó Tuthankamon, e os deuses Anúbis, Osíris, e Set.

Outro ponto, quase todos os personagens são zoomórficos, outra característica marcante da mitologia egípcia; havendo bem poucos puramente humanos. O próprio herói do game, ou melhor, um deles, é uma esfinge na verdade, ou seja, um ser parte humano e parte leão – até rabo o sujeito tem!


Dá-lhe Zelda... mas com alguns retoques.


O sentimento de “dejávu” que vai tomar o jogador conforme ele avança pelo jogo se fará notar cedo, pois antes de poder explorar quaisquer outras áreas, Sphinx, que começa o jogo sem arma nenhuma, tem que encontrar uma espada e um escudo. Ao avançar pelo jogo, outros itens serão adicionados, como por exemplo uma zarabatana que funciona exatamente como o estilingue ou o arco e flecha do jogo de uma outra franquia conhecida, inclusive mudando a câmera para primeira pessoa. Outros itens irão sendo acrescentados ao inventário conforme o jogo evolui, tanto para ataque como para auxiliar na locomoção por áreas difíceis.



Sobre dinheiro, voce vai ter que suar um pouco para consegui-lo, já que os rupees aqui andam e você tem que correr atrás, literalmente. A moeda usada no mundo de Sphinx são “scarabs”, ou seja, besouros, que aparecem ao golpear partes do cenario, tais como moitas, pedras e vasos, com a espada – é, isso já foi visto antes sim. Mas uma vez aparecendo, eles não vão ficar esperando que voce os pegue, vão sair correndo e é preciso persegui-los.

Se Sphinx tem uma espada, obviamente é porque é preciso usa-la para lutar e não só para achar dinheiro perdido que provavelmente saiu andando para fora do bolso do último dono. Entretanto não há um sistema de lock on, o que pode atrapalhar um pouco aqueles por demais acostumados com isso. Ou seja, é preciso calcular o golpe da espada no olho mesmo, e isso pode não ser muito fácil algumas vezes.





Outra particularidade sobre o personagem, é que ele não fala. De fato, não há vozes no jogo, apenas legendas, exceto para Sphinx – ou seu parceiro do qual falarei daqui a pouco – que é capaz da mesma proeza que Link de conseguir entreter um longo diálogo sem dizer uma só palavra. Entretanto, aqui veio uma novidade interessante, pois embora não hajam vozes, toda vez que Sphinx fala com algum personagem – lembre-se que eles são zoomórficos na maioria – enquanto aparecem as legendas com o que esta sendo dito, ouve-se o som do animal associado aquele personagem. Não todos, mas isso acontece com um bom número deles.


E este herói terá que interagir com bastante gente sim, conseguindo assim pistas de para onde ir a seguir, itens que serão essenciais no desenvolvimento do jogo, e toda a sorte de recursos. O jogo também traz um certo número de side quests, e é possivel acessar minigames em algumas áreas. Já está impossível não notar as semelhanças demais com outro jogo conhecido, não? Mas nem todo o trabalho está nas mãos de Sphinx.


A maldição da múmia


Pelo menos Sphinx pode dividir um pouco o fardo de herói, dado que as sequências de ação se alternam entre ele e uma ... múmia. As fases da múmia são em geral do tipo dungeon, ou seja, é preciso percorrer corredores e calabouços, abrir passagens, escapar de armadilhas, e achar determinados itens. Entretanto, a múmia não tem a sua disposição o repertório de armas e itens que Sphinx tem. De fato, ela não tem quase nada, e o jogador terá que, na maioria das vezes, estudar como o ambiente onde está funciona e como usar isso a seu favor. E está aqui, exatamente, onde o jogo mostra seus melhores momentos, dado que a múmia tem suas próprias habilidades únicas, e essas fases foram muito bem planejadas, com puzzles que esbanjam criatividade e dão ao jogador verdadeira sensação de satisfação ao resolvê-los.


Ademais, a múmia é um personagem totalmente cômico, sendo impossível não rir dela ou seus métodos em nenhum momento. Tal como escrito na parte de trás da caixa do jogo: “Their objective is the same, their methods couldn't be further apart” (O objetivo deles é o mesmo, mas os métodos não poderiam ser mais díspares). A sério, o próprio modo dela agir, andar, e interagir com o ambiente, me fez lembrar de Jerry Lewis, um antigo ator de filmes de humor.


Considerações finais


Gráficos: Muito bem feitos considerando a época e a plataforma onde o jogo foi lançado. Personagens e ambientes muito variados entre si.

Som: Correto, embora eu tenha gostado particularmente da música em tom cômico que toca durante as fases da múmia.

Jogabilidade: os personagens respondem bem aos controles, e embora alguns podem sentir falta de um lock on nas lutas de espadas, o jogo mostra um sistema de combate que funciona bem. O jogador com certeza terá mais trabalho para resolver puzzles do que vencer inimigos com a espada.

Desafio: Em bom nível, não é um jogo nem difícil nem fácil, nem longo nem curto demais, sendo que eu terminei ele em cerca de 22 horas. Os chefes de fase poderão frustar um pouco jogadores menos persistentes, pois são daquele tipo que parece quase impossível vencê-los até que o jogador descobre o segredo para explorar sua vulnerabilidade; e daí que nesse momento, e só então, o embate se torna fácil. Prova que os mesmos foram pensados com muito talento, e são bem variados entre si também.

Replay: Nulo. Fechou o jogo, não há mais nada para fazer.

Diversão: Sphinx introduz tantos elementos novos, e executa aqueles que emprestou de outras franquias com tanta maestria, que o jogador acabará não se importando em jogar o que muitos poderiam achar um quase clone de Zelda. Alias, o jogo nem mesmo tenta esconder onde foi buscar inspiração, portanto não fique surpreso se em algum momento ver alguma referência a um “herói da lenda”.

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